Análise Itaú BBA: em meio à dor, Chapecoense reconstruiu suas finanças em 2017
Estudo que detalha saúde financeira do futebol brasileiro mostra que clube catarinense conseguiu aumentar despesas e remontar seu time
Chapecoense é um caso muito particular. A tragédia aérea que devastou elenco, comissão técnica e diretoria no fim de 2016 também poderia ter abalado as finanças do clube. Mas não foi o que aconteceu, segundo o estudo anual do Itaú BBA sobre as contas dos 27 maiores clubes brasileiros. Em meio à dor, a Chape conseguiu mostrar sua organização e fechou 2017 em boas condições financeiras.
As receitas ficaram em R$ 100 milhões, um crescimento de 56% em relação a 2016. O clube arrecadou mais em publicidade, em venda de atletas, em direitos de TV – e dobrou a arrecadação com bilheterias e associados. Com isso, conseguiu aumentar o investimento no futebol (de R$ 42 milhões para R$ 61 milhões), uma necessidade depois do acidente.
Sem valores expressivos em dívidas, a Chapecoense "é um fenômeno de gestão", na visão dos analistas do Itaú BBA. Até a receita com venda de atletas, historicamente baixa no clube catarinense, bateu recorde em 2017, com R$ 11 milhões arrecadados desta maneira.
A Chape não tem dívidas bancárias, e mesmo as dívidas operacionais e com impostos são baixas. Mas após a reconstrução do clube em 2017, os resultados deste ano – e a luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro de 2018 – mostram que só cuidar das finanças não é suficiente para garantir resultados esportivos.
O estudo da situação financeira dos clubes nacionais divulgado ano a ano pelos analistas do Itaú BBA abre sua avaliação relativa a 2017 alertando que se repete um ciclo de "mais dinheiro, mais gastos, nenhuma preocupação com o futuro". O relatório deste ano, divulgado com exclusividade pelo Globoesporte.com, diz que "seguimos esta jornada nos repetindo e andando em círculos".
De modo geral, a análise chama atenção para o fato de "despesas e custos continuarem crescendo e ocupando o salto de receitas", ao passo que "investimentos gerais não mudaram muito, nem as dívidas”. E lembra: "O Profut começará a vencer, as regras de distribuição de direitos de TV mudarão, e isso vai pressionar o fluxo de caixa dos clubes em 2019".