Fluxo de caixa: instrumento de gestão é determinante para as empresas no novo cenário econômico
Situações como registrar prejuízo mesmo com dinheiro em caixa ou obter lucro sem reserva alguma parecem indicar desiquilíbrio financeiro às empresas, concorda? Normalmente, a primeira pergunta que surge ao empresário é “o que estou fazendo de errado”, mas não é bem assim. Tais indicadores não representam, necessariamente, furos no caixa, apenas sugerem um olhar mais atento ao fluxo para entender melhor de onde os recursos estão entrando e saindo, e onde estão de fato os resultados.
O diretor da Merlo Educação Executiva e Assessoria Empresarial, Roberto Aurélio Merlo, explica que esse olhar mais atento é garantido por um instrumento de gestão determinante às empresas no novo cenário econômico: o fluxo de caixa. “É uma ferramenta imprescindível no dia a dia de qualquer empresa, que se torna ainda mais importante no atual cenário econômico cheio de desafios e maior competitividade”, ressalta.
Merlo chama atenção, no entanto, para a diferença dos modelos de fluxo de caixa usados pelas corporações. São dois:
Modelo direto (prospectivo): elaborado a partir dos recebimentos previstos no item ‘contas a receber’ [notas fiscais emitidas, boletos, duplicatas] e os valores a pagar [fornecedores, impostos e contratos]. É dividido em três blocos: 1º recebimentos e pagamento operacionais - oriundos das vendas, pagamentos de salários, fornecedores, tributos, contas a pagar; 2º investimentos - aquisição de bens, veículos, máquinas, equipamentos, além de aplicações financeiras; 3º financiamentos - busca de recursos, entrada de recursos dos sócios.
De acordo com Merlo, esse modelo olha o fluxo para frente, preparando a empresa para a possível falta de caixa e antecipando a tomada de decisões.
“Conseguimos enxergar dia a dia, sempre à frente. Normalmente analisamos a semana por dia e o mês por semana. Com isso, podemos ver, por exemplo, se na terceira semana vai faltar recursos e, diante disso, antecipar a tomada de decisões para fazer caixa e cumprir com as obrigações. É um instrumento excepcional e um dos mais importantes na rotina empresarial”.
Modelo indireto (retroativo): parte da análise do resultado: lucro ou prejuízo. É dividido nos mesmos três blocos, porém o ponto de partida é o resultado gerado. Com esse modelo é possível ver onde exatamente está o resultado: no estoque, contas a receber, aquisição de imobilizados, pagamento de dívidas, etc... O principal diferencial do fluxo de caixa indireto é o fato de que ele permite diferenciar o lucro e o caixa gerado em todas as operações. Dessa maneira, o gestor consegue visualizar, com mais clareza, a posição financeira da companhia, a partir da eficiência e da lucratividade das suas operações.
“Muitos empresários perguntam: como tenho lucro e não tenho dinheiro em caixa? Também tem empresas com prejuízo e dinheiro em caixa. Neste fluxo, é isso que acontece. Ele possibilita ver de onde vieram os recursos que estão no caixa, porque você pode sim ter prejuízo mesmo com caixa. Também consegue ver que seu lucro sem caixa, por exemplo, pode estar nos valores em aberto, ou seja, que estão para realizar”, explica Merlo.
Para ele, os dois modelos têm funções distintas, mas são imprescindíveis na gestão. “Os dois fluxos são essenciais, tanto o direto olhando para frente e tomando decisões com antecedência, quanto o indireto que verifica onde está o resultado. Com as estratégias alinhadas, a empresa pode aumentar seu potencial competitivo e garantir a sobrevivência no mercado”.